Título de um artigo, publicado no caderno de Economia do semanário Expresso, de 30 de agosto, da autoria de J.F. Palma Ferreira, onde se destaca o papel que os recursos naturais têm nas relações de dependência entre países e a importância da localização geográfica dos territórios por onde passam infrestruturas de distribuição de algum desses recursos.
Neste caso específico, trata-se do gás natural e da relevância que tem no abastecimento de energia à Europa, num contexto de política internacional de aumento de tensão entre a União Europeia e a Rússia.
Receando que possa ser usado o corte no fornecimento de gás natural como resposta às sanções económicas impostas pelos EUA e a UE ao grande produtor da Europa de Leste, a chanceler Angel Merkel pretende "reduzir a dependência em relação aos gasodutos controlados pela geoestratégia do líder russo, Vladimir Putin".
Pela sua posição territorial, os países ibéricos estarão imunes a um eventual corte pois, o terminal de Sines e os terminais portuários espanhóis, em conjunto, têm quase metade da capacidade instalada em toda a UE para receber gás natural por navio.
Pelo contrário, países como a Finlândia, Eslováquia, Polónia, Hungria e Grécia, com, respetivamente, 100, 93, 83, 82 e 80%, serão os mais seriamente afetados.
No caso de Sines, em 2014, e até agora, o maior volume de gás recebido e armazenado teve origem no Qatar, seguindo-se a Nigéria, em segundo lugar, e Trindade e Tobago em terceiro.
Quanto às cavernas de sal gema do Carriço (ver mapa ampliado em Mapas e cartas), perto de Pombal, a sua capacidade de armazenamento de gás natural pode ser ainda expandida, o que confere à rede nacional um valor geoestratégico de destaque dada a possibilidade de abastecer terceiros mercados.
Fonte - http://leitor.expresso.pt/#library/expresso/semanario-2183/economia_2183/temas/GAS-NATURAL