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Frequentemente, nas aulas, relacionámos o carvão com o despoletar da Revolução Industrial e o desenvolvimento da indústria de lanifícios em meados do século XVIII. Contudo, será necessário recuar dois séculos para constatar como, já então, o carvão assumia um papel de destaque. Isto mesmo é transmitido pelo "historiador britânico Eric Hobsbawm (que) lhe reserva o epíteto de catalisador da revolução industrial".
Com o carvão como principal combustível doméstico, o grande desenvolvimento das cidades a partir do século XVI levou a um aumento na sua procura e produção. Como consequência, as minas expandiram-se e, dois séculos depois, “era uma indústria moderna em embrião, que chegou a empregar as primeiras máquinas a vapor para a operação de bombagem”, escreve Hobsbawm no livro A Era das Revoluções (Editorial Presença). “As minas exigiam não só máquinas a vapor em grandes quantidades e de grande potência, como também meios eficientes de transporte de enormes quantidades de carvão, das minas para o porto de embarque. O caminho-de-ferro era uma resposta óbvia”.
Em 1800 a Grã-Bretanha era responsável por 90% da produção de carvão, o que significa que “era suficientemente grande para estimular a invenção que iria transformar as indústrias de bens de capital: os caminhos-de-ferro”, explica o historiador. “Tecnologicamente, os caminhos-de-ferro são os filhos das minas, nomeadamente das minas de carvão do norte de Inglaterra”, escreve. Já a revista The Economist, numa reportagem sobre o fecho de Hatfield, apontava o carvão como pilar fundador da economia moderna britânica.
Pouco antes da Primeira Guerra Mundial, o sector atingiu o auge. Chegaram a trabalhar nele mais de um milhão de homens e crianças, tendo mais tarde entrado em declínio com a procura de outras fórmulas energéticas.
O ponto de não retorno deu-se na década de 1980, quando a greve dos mineiros contra o fecho de 20 minas do Estado saiu derrotada. (...)
Quando Thatcher se instalou em Downing Street havia 242 mil trabalhadores na indústria de mineração do carvão. Quando deixou o cargo, 11 anos mais tarde, sobravam 49 mil. No final deste ano não restará nenhum.
http://www.publico.pt/economia/noticia/reino-unido-o-fim-de-uma-era-que-comecou-com-a-revolucao-industrial-1705619?page=-1