domingo, 27 de novembro de 2016

"Invasão Chinesa", o que tem de geográfico?

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Várias são as opiniões que atribuem à Geografia o papel de charneira, de ciência de síntese, entre factores físicos e humanos. Como ciência do espaço, um espaço ocupado, alterado e organizado pelos grupos sociais que se têm sucedido ao longo dos tempos, é inquestionável que, para conseguirmos explicar a realidade que percecionámos, a interação entre o meio físico e os atores humanos tem que ser evidenciada.
O artigo assinado por Anabela Campos e Isabel Vicente, "Invasão Chinesa", no semanário Expresso nº2299, de 19 de novembro de 2016, permite, no nosso entender, recordar esta posição de charneira da Geografia. De facto, é a posição geoestratégica de Portugal, localizado no canto sudoeste da Europa, que interessa ao governo chinês para ter acesso à Europa e aos países lusófonos, como Angola, Moçambique e Brasil. Mas, a par deste dado espacial, foi fundamental a evolução da economia chinesa nas últimas décadas ao passar do modelo de economia planificada para o modelo de "economia socialista de mercado". 
Do artigo mencionado podemos extrair que, presentemente, 

  • Portugal é o quinto maior destino do investimento chinês na Europa
  • Novos negócios estão em carteira, por exemplo,

    • Criação de uma plataforma logística no Porto de Sines (competitividade do porto, localização geoestratégica, excelente ponto de entrada na Europa e capacidade de expansão na área afeta aos contentores são factores atrativos)
    • Turismo
    • Imobiliário

  • Portugal foi eleito há 10 anos pelos chineses como um dos parceiros estratégicos da China no Mundo, por isso, os investimentos já concretizados estendem-se a setores como, por exemplo, da:
    • Energia - EDP e REN
    • Saúde - Hospitais da Luz
    • Seguros - Fidelidade
    • Banca - BCP
    • Aviação - TAP ...
Em 1816, Napoleão Bonaparte afirmou que "Quando a China acordar o mundo tremerá". Em 1973, o escritor francês Alain Peyrefitte, impressionado pelo peso da demografia chinesa, profetizou, igualmente, que "Quando a China despertar ... o mundo tremerá". países como a Alemanha e o Reino Unido mostram-se seriamente preocupados com as compras de empresas nos seus países pelos capitais chineses. Em Portugal, "Passos Coelho abriu a porta. António Costa manteve-a aberta" e cria condições para novos investimentos, para além dos atrás referidos, na ilha Terceira nos Açores para se manter a valorização da Base das Lages.
Geografia Física, Geografia Humana, Geopolítica, Geografia Regional são, assim, ramos da Geografia a que devemos de apelar pois, tal como afirma Jorge Malheiros (professor no Instituto Geográfico e de Ordenamento do Território, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa):

A GEOGRAFIA ADOTA UMA ATITUDE explicativa, procurando identificar, com recurso ao método científico, respostas para questões socialmente relevantes. Numa escala macro, as influências da afirmação do espaço-rede (da internet, dos fluxos financeiros, do comércio...) sobre o modo como se organizam as comunidades são exemplo de uma destas questões, tal como compreender os motivos que justificam a deslocação dos centros de poder do "Mundo Ocidental" para a Ásia.
"O que eu preciso de saber sobre ... Geografia" 

 

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