quinta-feira, 12 de abril de 2018

A circulação do Atlântico Norte diminui, consequências?

A circulação meridional do Atlântico (AMOC)
 e o giro subpolar.
Summer K. Praetorius, investigador do Centro de Geologia, Minerais, Energia e Geofísica (US Geological Survey, Menlo Park, Califórnia 94025, EUA), é o autor deste artigo publicado na edição de 11 de abril de 2018 da  Revista Nature (jornal internacional de ciência) no qual defende o enfraquecimento do sistema de circulação das correntes oceânicas localizadas no Atlântico Norte. Ora, como sabemos, esta circulação tem um papel fundamental na circulação geral da atmosfera, em particular, na regulação da temperatura do ar na costa ocidental da Europa e, consequentemente, no arquipélago dos Açores e na costa ocidental portuguesa.
Com origem no Golfo do México, a Corrente do Golfo (Gulf Stream), a baixa latitude, é uma corrente marítima de águas quentes e salgadas que se deslocam à superfície até perto dos
 78º N - ilhas Spitzeberg. Graças à sua influência, o clima que se faz sentir na costa europeia ocidental é temperado, apto para a prática da agricultura e, portanto, atrativo para a fixação da população.Chegadas às elevadas latitudes subpolares, as águas, mais frias, mais salgadas e mais densas, passam a circular em profundidade dirigindo-se para a Antártida.

Nesta descrição simples, concluímos que, esta circulação oceânica, é uma verdadeira corrente de origem convectiva e, porque segue uma orientação sensivelmente N-S, é, também, de direção meridiana. É isso mesmo que significa AMOC (Atlantic Meridional Overturning Circulation), isto é, a Circulação Meridional do Atlântico. Como o mapa corrobora, o sistema é constituído por correntes quentes e superficiais (a laranja) e correntes frias e profundas (a azul) que percorrem, nesta caso específico, o Atlântico. No mapa observam-se, ainda, uma estrela preta e uma circunferência a tracejado que servem para localizar as áreas que foram alvo de pesquisas para perceber que alterações têm ocorrido ao longo do tempo ou, mesmo, para antever prováveis mudanças que estejam a operar-se e quais os efeitos possíveis. No primeiro caso, está a situado o local onde foram recolhidos sedimentos que possibilitaram reconstruir a velocidade de fluxo do AMOC nos últimos 1600 anos. No segundo caso, vemos a localização da área marinha objeto de análises de temperatura para determinar anomalias que possibilitem inferir alterações no fluxo do AMOC no século passado. As conclusões de ambos os estudos apontam para um enfraquecimento do fluxo da AMOC em cerca de 15% nos períodos considerados.
Estes estudos permitiram verificar, também, que houve uma atenuação da força do AMOC no início da era industrial, por volta de 1850. Sabe-se que, esta época, coincidiu com o fim da Pequena Idade do Gelo, um período de frio que afetou muitas regiões do globo. Pensam, os cientistas, que a perda de força do fluxo do AMOC tenha provocado a entrada de água doce fruto do degelo das calotes polares e do gelo marinho que se tinha formado durante a Pequena Idade do Gelo. Daí, atribuíram a queda de 15% doeste fluxo durante a era industrial comparativamente com a estabilidade do fluxo nos 1500 anos anteriores.
Uma vez que a Circulação Meridiano do Atlântico tem uma importância primordial nas trocas de ar entre o oceano e a atmosfera, o que podemos esperar para futuro?
Segundo os dois estudos referidos atrás, o fluxo oceânico do AMOC está, atualmente, num estado relativamente fraco. Mas, se as alterações climáticas continuarem a alimentar o degelo da Gronelândia, é muito provável que sucedam mudanças consideráveis nos padrões de clima, por exemplo da precipitação, em todo o hemisfério Norte. 
 

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