Estreito de Gibraltar: a conexão entre o Atlântico e o Mediterrâneo
Imagem do Arco de Gibraltar no seu estado atual.NASA
Ana Crespo-Blanc, geóloga da Universidade de Granada e principal autora de um estudo sobre a formação do Estreito de Gibraltar, relaciona a ocorrência da crise de salinidade Messiniana com a falta de comunicação entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo. Segundo o que o grupo de cientistas apurou, a abertura do Mediterrâneo ter-se-á iniciado há 26 milhões de anos e chegou a ter um aspeto semelhante ao atual. Acidentes tectónicos alteraram esta situação, primeiro, devido à convergência de placas, houve o encerramento da passagem de água entre o Oceano e o Mediterrâneo, segundo, também por motivo natural, deu-se nova conexão entre as duas bacias, a do Atlântico e a do Mediterrâneo, pela abertura, hoje, conhecida como Estreito de Gibraltar.
Os resultados das investigações levadas a cabo na bacia do Mediterrâneo levaram os cientistas a formularem a hipótese de ter ocorrido uma mega-inundação que foi responsável pelo enchimento, rápido e muito violento, do Mediterrâneo depois do período em que, por falta de conexão com o Atlântico, se transformou num imenso mar morto. Numa fase mais antiga, a água oceânica entrou por uma abertura que, hoje, designamos por Estreito de Gibraltar, e que encheu o Mediterrâneo Ocidental. Numa fase mais recente, mas com poucos anos de diferença, os investigadores acreditam que, através do canhão submarino de Noto, na Sicília, foi preenchido o Mediterrâneo Oriental após a formação de uma extensa cascata com 1,5 quilómetros de extensão.