segunda-feira, 9 de abril de 2018

Geólogos agora têm provas de que a África está a dividir-se fisicamente em dois continentes

Google Earth. Data SIO, NOAA, US Navy, NGA, GEBCO 
Escrito por Lucia Perez Diaz, Royal Holloway, este artigo foi publicado na edição on-line  da QUARTZ África (4/abril/2018).
Como sabemos, o nosso planeta está em constante mudança e que as alterações que sofre sucedem a ritmos muito diversificados. Falamos em movimentos bruscos e facilmente perceptíveis - sismos e vulcões - e outros agentes de geodinâmica interna de atuação imperceptível para a escala de vida humana - os movimentos tectónicos, quer os de direção horizontal, quer os de direção vertical, todos eles com sede na crusta terrestre. Qual é a diferença neste caso? É que, sem visionarmos o que está a acontecer nas profundezas da crusta terrestre, o que está a ocorrer à superfície evidencia que estamos a assistir o que indicia ser, por um lado, a separação de uma vasta massa continental da África oriental e, por outro lado, o nascimento de um novo oceano.

O fenómeno que é retratado pelos autores já tinha revelado indícios há alguns anos atrás. Esta região africana é bastante instável e o seu próprio nome sugere-o. Trata-se do Grande Vale do Rift - conjunto de falhas tectónicas que se prolongam por muitos quilómetros  e abrangem parte de países como a Etiópia, o Quénia e Tanzânia - muito afetado por sismos e vulcões ativos e marcado pela existência de um conjunto de lagos de origem tectónica - Grandes Lagos Africanos.
Vale do Rift

Pessoalmente, recordo uma das belas séries com a chancela da BBC, que a RTP passou há largos anos. Se não me engano, chamava-se "O homem verde" (não tenho a certeza) e, num dos episódios, o apresentador aparecia com as duas pernas abertas e dizia algo como isto: Estou com um pé na margem de um novo oceano e um pé na outra margem. Lamento não ter conseguido encontrar esta série nas buscas que já encetei. Mas lanço o repto. Se alguém se lembrar e quiser partilhar, desde já agradeço.

Ora, a fenda com vários quilómetros de extensão que recentemente abriu no sudoeste do Quénia, e que afetou seriamente uma parte da estrada entre Nairobi, a capital, e Narok, vai ao encontro do que já foi retratado por vários cientistas que estudam aquela área do continente africano.
https://en.wikipedia.org/wiki/
Antonio_Snider-Pellegrini#/media/
File:Antonio_Snider-Pellegrini_Opening_of_the_Atlantic.jpg
Aliás, planiglobos elaborados por Snider Pellegrini, em 1858, mostravam a percepção que o cartógrafo tinha de que a América do Sul e África teriam estado unidas e, entretanto, foram separadas pela massa oceânica que é o Atlântico Sul. É um fenómeno análogo que, se pensa, estamos a ter a oportunidade de assistir, apenas, um início de um processo que levará milhões de anos a desenvolver-se. A tectónica de placas a isso conduz. Os cientistas consideram que  a atividade da falha onde assenta o Rift  está a ser diretamente condicionado pela ascensão de uma massa magmática  que leva ao afastamento das duas margens da fenda que está à vista desarmada.
Pluma magmática (pela elevada temperatura a que ascende esta massa desenvolve a capacidade de afastar, alargando, o vale e, também, é resposabilizada pela elevada altitude dos planaltos que se loacalizam nas margens do Vale do Rift)
CC BY-SA

Topografia do Vale do Rift. Um modelado visível do espaço.
James Wood and Alex Guth, Michigan Technological University. Basemap: Space Shuttle radar topography image by NASA

Vale do Grande Rift, Tanzânia.
Shutterstock


 

Blog Archive

Número total de visualizações de páginas