quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Pela primeira vez, o gelo marinho mais denso e mais antigo do Ártico, foi "observado" a derreter.

Photograph: Nick Cobbing/Greenpeace
Jonathan Watts, editor do The Guardian para o meio ambiente, assina o artigo que descreve um fenómeno que, pela primeira vez, foi registado na região do Árctico (edição de 21 de agosto de 2018). Trata-se do desaparecimento de uma parte da placa de gelo localizada a norte da Gronelândia que, devido aos picos de temperatura anormais no passado mês de fevereiro e no início deste mês, deixaram a área mais vulnerável à infuência dos ventos, se mostra bastante fragmentada e quebrada e, também, mais móvel. Segundo Walt Meier, investigador do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA,
esta acumulação de gelo pode formar cordilheiras de 20 ou mais metros de espessura o que torna, em condições normais, muito difícil a sua movimentação. Porém, e para grande estupefação dos cientistas, os ventos que se fizeram sentir nos dias de temperatura mais elevada do que habitual afastaram "o velho gelo do mar terá sido empurrado para longe da costa, para uma área onde vai derreter mais facilmente”. Por exemplo, a temperatura que costuma ser abaixo de -20ºC em anos normais, chegou a subir a um recorde de 17ºC.
Segundo o Norwegian Ice Service a cobertura de gelo do Ártico na região de Svalbard esta semana está 40% abaixo da média para esta época do ano desde 1981.


Evolução do volume de gelo do mar Ártico entre 1979 e 2018
(gráfico animado no original)

 Previsões admitem que, entre 2030 e 2050, não haverá gelo de verão no Oceano Ártico. Aliás, já desde o começo do ano os cientistas climáticos manifestam preocupações sobre as alterações que se têm verificado no Ártico, tais como:

  • uma onda de calor ocorrida durante o inverno sem sol (época do ano em que a região polar norte não recebe radiação solar)
  • derretimento do gelo da Gronelândia e aquecimento dos oceanos que provocam o nível mais fraco da Corrente do Golfo em 1600 anos
  • consequente menor circulação de água e ar que ocasionam sistemas climáticos prolongadamente mais estáveis
  • ocorrência de uma frente quente adormecida responsável por temperaturas recordes na Lapónia, incêndios florestais na Sibéria, em grande parte da Escandinávia e, ainda, noutras partes do círculo polar ártico.

A deriva transpolar (setas roxas) é uma característica de circulação dominante no Oceano Ártico que transporta o escoamento de água doce (setas vermelhas) dos rios da Rússia através do Pólo Norte e do sul em direção à Groenlândia. Sob mudanças nas condições atmosféricas, os padrões de circulação emergentes (setas azuis) levam o escoamento de água doce para o leste em direção ao Canadá, resultando no resfriamento da água do Ártico na Bacia do Canadá.
A notícia no Observador
 

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