quarta-feira, 26 de junho de 2019

Como o Clima já está a destruir o Planeta


The sled of the scientist Steffen M. Olsen,  travelling on a layer of water
in Greenland - Copyright Steffen M. Olsen // Blue Action
Com texto de Raquel Albuquerque, infografia de Jaime Figueiredo e ilustração de Paulo Buchinho, o Semanário Expresso (edição de 22/06/2019) publicou uma interessante e muito preocupante notícia que aborda algumas das evidências que sustentam o seu título Como o Clima já está a destruir o Planeta. Uma constatação que, porventura, justificará o acontecimento registado pelo climatologista dinamarquês, Steffen Olsen. No início deste mês, a 13 de Junho, este investigador em atividade na Gronelândia confrontou-se com um facto algo inédito: um degelo rápido e superficial que
criou um lençol de água sobre a espessa camada de gelo.
 De acordo com dados coletados pelo National Snow & Ice Data Center, aproximadamente 712.000 km2 da superfície da Groenlândia derreteram em 12 de junho, o que corresponde a mais  470.000 km2  do que na mesma data em 2018 e, ainda, a mais  600.000km2 do que a média de 1981 a 2010.  
Mas, então, que outras evidências são identificadas pelo artigo de Raquel Albuquerque?
  • Ondas de calor e secas extremas
  • Cidades e ilhas submersas
  • Migrações forçadas
  • Degelo Acelarado
  • Incêndios mais graves
  • Ciclones deslocados
  • Inundações devido a chuvas repentinas
  • Extinção de espécies
são apontadas como as manifestações devidas às alterações climáticas, todas elas já vivenciadas e, não, meras especulações.

 Cada vez mais frequentes e intensas, as ondas de calor têm feito vítimas por todo mundo. Este mês, a Índia viveu 30 dias consecutivos de calor abrasador, chegando a um recorde de 48°C em Nova Deli e de 50°C em Churu, uma cidade no norte do país... Na Amazónia, registaram-se secas em 2005, 2010 e 2015. “Cada uma delas foi considerada a ‘seca do século’, porque foi sempre pior que a anterior” ...Na América Central, países como a Guatemala, El Salvador ou Honduras viram a estação seca passar de dois a quatro meses por ano, destruindo-lhes as culturas, sobretudo o café. O calor tem chegado até aos países mais frios do Norte da Europa: o verão de 2018 foi o mais quente dos últimos 80 anos em Oslo, capital da Noruega.




(...) na Florida,quando a maré enche, a água sai pelas sarjetas nas ruas e pelos ralos em casa... A subida do nível do mar, que atingiu os 20 cm desde o período pré-industrial, não se deve apenas ao degelo, mas sobretudo ao efeito de dilatação que os oceanos sofrem devido ao aumento da temperatura da água. Segundo a NASA, o ritmo de subida tem sido de 3 mm por ano. Em Portugal, estima-se que cerca de 146 mil pessoas que vivem numa faixa de risco em 11 concelhos e distritos do país possam ficar numa situação vulnerável em 2050, se o mar subir um metro.

Secas, inundações, ciclones ou subida do mar têm obrigado as pessoas a deslocarem-se para encontrarem água, comida ou casa, seja na Síria e Afeganistão, Guatemala e El Salvador, Nigéria, Chade e Mali ou no Pacífico. Para o Banco Mundial, que estima 143 milhões de refugiados do clima em 2050, estas migrações são já o “rosto humano” das alterações climáticas. Na ilha de Kiribati, no Pacífico, 81% das famílias admitem já ter sido afetadas pela subida do nível do mar. E mais de 70% dos habitantes desta ilha e de Tuvalu, também no Pacífico, equacionam migrar dentro dos seus países para fugir das secas e inundações, de acordo com um relatório da Cruz Vermelha norueguesa.

A Antártida é a origem de cerca de 25% do volume de água que está a aumentar o nível do mar, de acordo com a NASA. Só a Gronelândia tem uma quantidade de gelo capaz de elevar em 7 metros o nível das águas. Estima-se que todos os anos o Ártico perca 13% do seu gelo, tendo batido no ponto mais baixo em 2012 (o ano mais quente de sempre). Além do efeito significativo do degelo na circulação geral da atmosfera, algas, peixes e mamíferos estão a perder o seu habitat. Vários ursos polares têm sido vistos à procura de comida em cidades russas, a centenas de quilómetros de casa, no Ártico.

No verão passado, a Suécia e a Finlândia tiveram de pedir ajuda para apagar fogos, enquanto a Califórnia passou por uma das vagas de incêndios mais destrutivas da sua história e a Grécia viveu uma tragédia com 90 mortos, semelhante à de Portugal em 2017. As alterações climáticas não são a única justificação, mas ajudam a explicar a sua maior intensidade, dimensão e frequência.


O furacão ‘Leslie’, que passou por Portugal em outubro de 2018, foi o mais poderoso a atingir o país desde 1842. É um exemplo de um ciclone tropical do Atlântico desviado da sua rota habitual. Já em outubro de 2017, os ventos fortes do furacão ‘Ophelia’ intensificaram os incêndios que mataram 50 pessoas. Moçambique foi atingido este ano, e pela primeira vez, por dois ciclones seguidos.
As chuvas intensas em curtos períodos de tempo são exemplo dos eventos extremos. Numa só noite em outubro de 2018, em Palma de Maiorca, nas ilhas Baleares, a chuva atingiu níveis nunca antes vistos e matou dez pessoas. Em 2016, o rio Sena, em Paris, subiu seis metros e num dia choveu tanto quanto em seis semanas. Na Índia, as monções têm tido o dobro da quantidade de chuva.
Com o planeta a aquecer, as espécies têm de se adaptar a novos padrões climáticos. Isso obriga a mudanças nas migrações, acasalamento ou procura de alimento. Segundo as Nações Unidas, há 1 milhão de espécies animais e vegetais em risco de extinção e a perda de habitat é uma das razões. As alterações climáticas não são a única origem do problema, mas fazem parte da lista.
Dá que pensar!
 

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