"Ria Formosa" - Expresso (acessível a assinantes) |
Passaram 10 anos desde que um mar grande e enfurecido pela intempérie fez desabar ondas de seis metros sobre as 77 casas que existiam na ilha da Fuseta, deixando um rasto de destruição. O primeiro ataque aconteceu após a lua cheia de 14 de Fevereiro conjugada com a preia mar e a tempestade. Duas semanas depois foi a lua nova a comandar as marés vivas que deixaram a maioria das casas esventradas ou as arrastaram para o mar.
(...) As projeções associadas às alterações climáticas apontam para uma subida do nível médio do mar de cerca de um metro até final do século. A subida das águas, conjugada com a maré alta e a intensificação de tempestades, não deixa dúvidas de que as ilhas aqui existentes há cerca de seis mil anos poderão ficar parcial ou totalmente submersa dentro de 30 a 50 anos. E se nada for feito para o evitar, a ria Formosa será transformada num continuar de mar. (...) As recargas artificiais de areia entre a Quarteira e Vale do Lobo, realizadas em 2010, "minimizaram o recuo da linha de costa, mas basta uma tempestade conjugada com uma maré alta e elevada energia para que recue cinco ou seis metros". Na Fuseta e nos ilhotes a demolição das construções permitiu a "renaturalização e recuperação positiva dos ecossistemas", que não é possível onde há casas. Ilhas transformar-se-ão em bancos de areia, que ficarão submersos na maré cheia.