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Cécile Marin, junho de 2015 |
Este é o resultado das vantagens da divisão internacional do trabalho potencializada pela globalização. A existência de matérias primas muito localizadas e as discrepâncias entre os países e o seu grau de capacidade de conhecimento e realização científica e tecnológica são factores que contribuem para a forte especialização do trabalho.
Num contexto de agilidade nas deslocações dos recursos entre quem os produz e quem os usa e transforma, são frequentes os casos de remunerações injustas que não dignificam o desempenho de quem trabalha. De igual modo, choca a persistência da venda de produtos em que não se verifica um pagamento por um preço justo. Apesar da interdependência entre os negociadores, sejam países, regiões ou empresas, a relação entre as partes é mais favorável a quem tem o poder de impor decisões. O lado mais forte da negociação é aquele que mais lucra com o negócio.
No mapa verificámos que, depois da conceção do modelo nos EUA (Silicon Valley), a extração das matérias primas e sua transformação situam-se em países como Chile, Brasil, República Democrática do Congo, Zâmbia, Malásia, Austrália e Nova Caledónia. Entretanto, os principais componentes são fabricados nos EUA, em Singapura, Japão, Taiwan, Coreia do Sul, Itália e Alemanha. O processo de montagem localiza-se na China e, daqui, os aparelhos vão para França para a distribuição nos mercados consumidores. Assim se justifica o título do artigo e do planisfério. As "Várias voltas ao Mundo ..." são o resultado da evolução dos transportes e das comunicações e são um retrato da crescente interdependência mundial entre mundo desenvolvido e mundo em desenvolvimento, entre países do Norte e países do Sul, entre o mundo que domina o conhecimento e o mundo ainda arreigado às tradições e pouco evoluído.