sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Um mundo de grandes interdependências geográficas: "Itinerário de um fruto tropical"

Agnès Stienne, assina no Le Monde diplomatique (agosto de 2015), um trabalho cartográfico sobre o comércio internacional da banana com base em dados, muitos deles, retirados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) . Segundo a autora "Com uma produção anual de mais de 110 milhões de toneladas, a banana figura entre os frutos mais consumidos do mundo. Se certos países, nomeadamente da América latina, estão especializados na sua exportação, outros há que a cultivam sobretudo para satisfação do seu mercado interno. Assim sucede com a França (via Antilhas), a Índia ou o Brasil que consomem quase todas as bananas que produzem"
Na publicação podemos ver outras cartas deveras significativas como, por exemplo, a que respeita à "Repartição dos custos de uma banana comercializada por uma multinacional"


O produtor (13%), o grossista e o comerciante do retalho (40%) significam 53 % do valor da banana. Os restantes 47% correspondem aos valores desviados para os paraísos fiscais e que, por isso, fogem ao pagamento de imposto.







Em junho de 2013, a primeira ONG francesa de desenvolvimento, CCFD - Terre solidaire (Comité Católico contra a fome e pelo desenvolvimento - Terra Solidária), publicou um relatório intitulado "Aux paradis des impôts perdus: Ênquete sur l´opacité fiscale des 50 premières entreprises européennes"  (No paraíso dos impostos perdidos: Inquérito sobre a opacidade fiscal das 50primeiras empresas europeias). No texto pode-se encontrar, por exemplo, o seguinte: 
Enfim os responsáveis da banana, imaginaram um trajeto vrtual em sete etapas entre o produtor e o consumidor, permitindo a evaporação de 47% do valor nos paraísos fiscais (Ilhas Caimão, Luxemburgo, Irlanda, Ilha de Man, Bermudas e Jersey). A estruturação dos grupos foi assim considerávelmente complexificada. As empresas trabalham na cadeia de valor acrescentado para isolar, pelo menos em termos contabilísticos, cada actividade e, em seguida, localizar onde a tributação será a mais vantajosa. A riqueza criada, ou seja, a base fiscal da empresa, é bem distribuído, independentemente da sua geografia operacional (inventário de extração de recursos, plantas de processamento ou mercados de distribuição)
http://ccfd-terresolidaire.org/IMG/pdf/pf2013_210613.pdf

http://www.monde-diplomatique.fr/cartes/banane
FAO Portugal
 

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