quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Quadriénio 2018-2022, será anormalmente quente

Michel Porro/Getty
Na edição de 14 de agosto do semanário Expresso lemos uma notícia cujo título não surpreende, mas que, oxalá, não se venha a concretizar: Período até 2022 mais quente do que esperado com anos "anormalmente quentes".
Esta antevisão é da autoria de dois investigadores, Florian Sévellec & Sybren S. Drijfhout, que, utilizando um novo sistema de previsão baseado em cálculos probabilísticos e face aos resultados teóricos alcançados, os levam a considerar que, os próximos 4 anos, reforçarão a tendência para o o aquecimento global. Como? Com a muito provável ocorrência de fenómenos meteorológicos extremos. Publicado na revista científica Nature Communications , no próprio dia 14 de agosto de 2018, o trabalho é descrito pormenorizadamente e é acompanhado por gráficos que sustentam as antevisões climáticas do quadriénio já iniciado.
Como se pode ler na síntese do texto:
Num clima em mudança, há uma procura social cada vez maior por previsões interanuais precisas e confiáveis. Previsões interanuais precisas e confiáveis ​​das temperaturas globais são fundamentais para determinar os impactos das mudanças climáticas quer à escala global quer à escala regional, como extremos de precipitação, secas severas ou intensa atividade de furacões, por exemplo. No entanto, a natureza caótica do sistema climático limita a precisão da previsão em tais escalas de tempo. Nós desenvolvemos um novo método para prever a temperatura média do ar à superfície e a temperatura da superfície do mar, com base em operadores de transferência, o que permite previsões probabilísticas. A precisão de previsão é equivalente a previsões operacionais e sua confiabilidade é alta. Para 2018-2022, a previsão probabilística indica um período mais quente que o normal. Isso reforçará temporariamente a tendência de aquecimento global a longo prazo. O próximo período quente está associado a uma maior probabilidade de temperaturas intensas a extremas. A eficiência numérica importante do método abre a possibilidade de previsões probabilísticas em tempo real realizadas em dispositivos móveis pessoais.
O texto é longo e algo complexo pela sua especificidade para quem não se encontra preparado para o escalpelizar em pormenor. Todavia, há partes que se tornam mais acessíveis. Por exemplo, afirmações como:
  • Agora compreende-se bem que o aquecimento global não é um processo monótono e suave
  • Numerosos estudos ligam as variações observadas nas mudanças climáticas às variações de fatores externos ao próprio sistema climático
  • Tal é o caso das variações de temperatura do ar à superfície do globo que podem ser parcialmente atribuídas a erupções vulcânicas (imprevisíveis) ou a emissões de aerossóis e a gases de efeito de estufa (dependentes de escolhas socioeconómicas)
  • Mas, existe um residual na componente forçada que é atribuída como sendo a variabilidade interna do clima
  • Previsões mais precisas da variabilidade interna permitirão a melhoria das previsões climáticas
  • Esta conclusão é igualmente verdadeira para a temperatura média global da superfície do mar

Atribuição de temperatura média do ar à superfície da Terra (GMT) e temperatura à superfície do mar (TSM). Nos gráficos a e b, as variações de temperatura registadas a partir de 1880, tanto em GMT como em TSM, estão representadas, a vermelho, as  anuais, a roxo as de 5 anos e, a azul, as de 10 anos.


 

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