sábado, 17 de fevereiro de 2018

Quão longe fica a cidade mais próxima?

Mapa global da acessibilidade: Tempo de viagem para as principais cidades

A consulta de vários documentos sugeridos por links a partir do artigo publicado na newsletter da revista Smart-cities.pt permitiu ir ao encontro de mapas e textos (por exemplo, sobre o IA=Índice de Aglomeração) que contribuem para atualizarmos o nosso conhecimento sobre o mundo geográfico que habitámos.
Assim sucede com a importância que, uma vez mais, é atribuída às cidades e à acessibilidade e às desigualdades inerentes ao grau de economia das diferentes regiões geográficas. O mapa global da acessibilidade (elaborado por Daniel Weiss e colegas) quantifica o tempo de viagem para as cidades no ano de 2015 e, a sua leitura, mostra como a acessibilidade é maior (menos tempo de deslocação até às áreas mais urbanizadas no mundo) onde, pelo maior grau de desenvolvimento económico, existem mais recursos que sustentam o bem-estar humano, como educação, emprego e serviços de saúde. Donde, a visão da heterogeneidade que se salienta de imediato ao olharmos para o mapa.
Aliás, esta heterogeneidade é, antes de mais, de ordem natural. Regiões desérticas, regiões polares, grandes cadeias montanhosas e grandes manchas florestais evidenciam-se no mapa. Onde a presença humana é possível, as desigualdades, também, se observam. Vejamos um texto explicativo que acompanha a fonte de onde foi retirado o mapa em questão:
"Os recursos econômicos e feitos pelo homem que sustentam o bem-estar humano não são distribuídos uniformemente em todo o mundo, mas estão em grande parte concentrados nas cidades. O mau acesso às oportunidades e aos serviços oferecidos pelos centros urbanos (função da distância, infra-estrutura de transporte e distribuição espacial das cidades) é um obstáculo importante para a melhoria dos meios de subsistência e do desenvolvimento geral. O avanço da acessibilidade em todo o mundo sustenta a agenda de equidade de não "deixar ninguém para trás" estabelecido pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (...) Aqui, desenvolvemos e validamos um mapa que quantifica o tempo de viagem para as cidades em 2015 (...) Os resultados destacam as disparidades na acessibilidade em relação à riqueza (...)"
Ainda, outro trecho:
O mundo está diminuindo. Os vôos baratos, o transporte comercial em larga escala e as redes rodoviárias em expansão significam que estamos mais conectados a qualquer outro lugar do que nunca. (...) viagens globais e comércio internacional são ... duas das forças que remodelaram o nosso mundo. Um novo mapa do tempo de viagem para as principais cidades - desenvolvido pela Comissão Européia e pelo Banco Mundial - captura esta conectividade e a concentração da atividade econômica e também destaca que há pouca região selvagem. O mapa mostra quão acessível algumas partes do mundo se tornaram, enquanto outras regiões permaneceram isoladas. A acessibilidade - seja para mercados, escolas, hospitais ou água - é uma condição prévia para a satisfação de quase todas as necessidades econômicas. Além disso, a acessibilidade é relevante em todos os níveis, desde o desenvolvimento local até o comércio global e este mapa preenche uma lacuna importante em nossa compreensão dos padrões espaciais de conectividade econômica, física e social
Neste planisfério publicado pela Universidade de Oxford podemos, de modo semelhante, visionar o mapeamento das acessibilidades às cidades. Do texto que o acompanha na newsletter atrás mencionada, destacam-se as seguintes afirmações que vão ao encontro dos trechos atrás transcritos:
  • Mais de 80% da população mundial vive a menos de uma hora de um centro urbano, mas a desigualdade na facilidade de acesso às cidades é notável entre as várias regiões do globo terrestre...
  • São 5,88 mil milhões de pessoas a viver a uma distância inferior a uma hora de uma qualquer cidade. Enquanto nos países que registam maiores rendimentos (nomeadamente, nos continentes europeu e norte-americano) a percentagem da população a residir perto de centros urbanos alcança os 90%, nos territórios mais pobres, caso dos países subsarianos, esta percentagem fica-se pelos 50,9%.
  • O estudo ... vem confirmar a distribuição profundamente desigual de recursos económicos e de infra-estruturas à volta do mundo, sendo a concentração destes mais predominante nas cidades.
  • O mapeamento global da acessibilidade às areas urbanas vem ... colocar a descoberto o facto de a qualidade dos acessos às oportunidades e serviços oferecidos pelos centros urbanos ser factor determinante para a melhoria das condições de vida dos cidadãos e para o desenvolvimento generalizado. 
  • A acessibilidade à cidade vem potenciar a estratificação da sociedade em termos económicos, educacionais e de saúde.
  • Em contra-partida, maus acessos às cidades são sinónimo de enormes barreiras socioeconómicas.
 

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